“O sentimento de medo, de insegurança, de angústia, de decepção
muitas das vezes nos impede de rezar.
Acredite, é nesses momentos que Jesus gostaria de ouvir a sua voz, o seu
chamamento. Não faça alarde. Não se desespere. No seu silêncio, chame por Ele. “Vinde
a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei”, disse Jesus”.
Antônio Marcos
EXCLUSIVO
PADRE VINÍCIUS DESTACA A PARTICIPAÇÃO DA JUVENTUDE NOS MOVIMENTOS CATÓLICOS
Religioso alerta, porém, que a
euforia representa “perigo na caminhada de fé”
Padre Vinícius Campos, barrosense |
O jovem e talentoso padre Vinícius
Campos, destacou a participação da juventude nos movimentos católicos. Porém, o
religioso alerta que a euforia representa “perigo na caminhada da fé”.
O sacerdote barrosense falou de seus sonhos na missão de
evangelizar, de sua maneira de pregar, e comentou alguns pronunciamentos do
papa Francisco em sua peregrinação pelo mundo.
BLOG: Onde o senhor exerce seu
ministério atualmente ?
PE.: Sou vigário na Paróquia
Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei.
BLOG: Ter uma paróquia na qual possa trabalhar como pároco é um sonho ?
PE.: Sim. Um sonho que irá se realizar
naturalmente. Após um tempo de vigário paroquial irei assumir a
responsabilidade de conduzir espiritualmente uma paróquia.
BLOG: Entendendo que cada
religioso tem sua maneira de pregar. Por que o senhor optou por caminhar por
entre os fieis no momento da homilia, durante as celebrações dentro da igreja ?
PE.: Foi algo que surgiu
naturalmente, a partir do espaço físico da paróquia onde estou atualmente. Para
os que não conhecem, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos tem quatro
naves formando uma cruz. Como sentia que o povo estava longe, resolvi caminhar
pela igreja, buscando uma proximidade. Assim, passou a ser algo natural que
realizo em algumas celebrações.
BLOG: No livro “Vivenciando a
Palavra de Deus”, de sua autoria, o senhor torna claro que a leitura da Bíblia
deve vir acompanhada da oração. Podemos dizer que a oração fortalece nossa
amizade com Jesus a caminho do Pai ?
PE.: Sim. Jesus sempre nos ensinou a buscar uma
intimidade com o Pai através da oração. No evangelho de Lucas, Jesus nos diz:
“É necessário orar e nunca deixar de orar” (18,1). A oração torna-se um abandonar-se
nas mãos do Pai, deve ser uma constante na vida do cristão. Não uma oração
“interesseira”, somente de “trocas”, mas sim de confiança, formando um laço que
nos une a Cristo e assim, chegamos ao Pai (cf. Jo 14,9). Um cristão que reza
verdadeiramente com o coração escuta de Jesus: “Já não vos chamo servos, mas
meus amigos” (Jo 15,15).
BLOG: Que avaliação o senhor
faz da presença da juventude nos movimentos católicos ?
PE.: Positiva. Aos poucos vem crescendo cada vez
mais a presença da juventude dentro da Igreja. Creio ser importante a presença
e o trabalho sério da pastoral da juventude e dos grupos jovens. Pois, assim,
os jovens crescem cada vez mais na fé e passam a se interessar pelos vários
movimentos e pastorais católicos gerando uma renovação na vida da Igreja.
BLOG: Muitos entendem que em
alguns movimentos de jovens o foco às vezes deixa de ser os ensinamentos de
Jesus, a reflexão, a prestação de serviço, para dar lugar a uma grande euforia.
Qual sua opinião ?
PE.: Euforia é algo perigoso na caminhada de fé.
Gosto de compará-la com aquela sementinha que caiu no terreno pedregoso, chegou
a germinar, mas quando veio o sol acabou morrendo, pois não tinha raízes
profundas (cf. Mc 4,5-8). Creio ser importantíssima a presença da juventude na
Igreja, pois é a garantia do futuro e renovação da fé. Mas acredito ser
necessária, para além da euforia, uma juventude que busca uma fé encarnada, um
compromisso sério com o Evangelho, que busca aprofundar cada vez mais as raízes
no amor de Deus. Assim, se a euforia passar, continuará produzindo frutos,
“trinta, sessenta e cem” (Mc 4,8).
BLOG: Como o senhor avalia os
vários pedidos do Papa Francisco para que a Igreja se aproxime mais das
comunidades carentes ?
PE.: Positivo. O papa Francisco levou para Roma e
o mundo, o apelo que a Igreja da América Latina e Caribe já vem fazendo: a
preferência pelos pobres. Sabemos que não é um discurso novo, apenas a
atualização do que Jesus sempre ensinou. Jesus esteve sempre junto aos pobres e
excluídos levando a graça e a misericórdia de Deus. A Igreja como fiel
discípula de Cristo deve sempre se aproximar das comunidades carentes, não só
com discursos, mas sim com obras que façam o amor de Deus se tornar realidade
junto aos pequenos.
BLOG: O Papa também vem
pedindo para que os movimentos católicos não sejam tão fechados, não haja ciúmes
entre seus membros. Qual sua opinião sobre esse apelo ?
PE.: Vejo como um alerta aos cristãos para não se
fecharem no egoísmo, na autossuficiência e na vaidade. Os movimentos e
pastorais da Igreja não podem formar um gueto, um grupo de perfeitos, mas sim
caminhar na certeza da misericórdia divina. Reconhecendo nossas fraquezas,
acolhemos o outro e buscamos caminhar no amor. Os cristãos que atuam nos
movimentos e pastorais devem fazer aparecer Jesus Cristo, que é o nosso
Salvador e não a si mesmos.
BLOG: O Santo Padre tem
viajado pelo mundo e dando uma lição de humildade ao defender uma união
ecumênica em favor da paz no Planeta. O senhor acredita que esse é um dos
caminhos para um mundo sem tanta violência ?
PE.: Sim. Trata-se de um caminho na busca da paz.
Um tema forte que toca a todos nós e nos chama a realizar algo em busca da
desejada paz. Para que a paz seja de fato uma realidade entre nós é preciso que
cada um desarme o seu coração e acolha cada vez mais aquele que é o Príncipe da
Paz. Mas na maior parte da vida, ficamos apenas brigando, discutindo entre nós
sobre o melhor modo de construir a paz. Ora, não somos nós que construímos a
paz. A paz é uma ação de Deus, a paz vem de Deus e se torna realidade quando
nos abrimos à ação do Espírito Santo.
Pois, só será capaz de semear a paz aquele que tem paz interior.
BLOG: Em uma frase, defina a sua vocação para o sacerdócio.
PE.: Minha vocação se resume
no lema que escolhi para minha ordenação sacerdotal: “Quanto a mim, de muito
boa vontade gastarei o que for preciso e me gastarei inteiramente por vós”
(2Cor 12,15).
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